Sudeste segue como região mais afetada, mas investimentos em gestão de risco mostram resultados e demonstram impacto da tecnologia na segurança logística
Apesar da persistência do roubo de cargas no transporte brasileiro, um novo levantamento mostra um cenário positivo para o mercado: a redução de 32% na sinistralidade em 2024, comparado ao ano anterior. O dado, que reflete a relação entre prejuízo final e valores gerenciados, faz parte do “Report Anual de Roubo de Cargas nstech 2024”.
De acordo com o levantamento, a taxa de sinistros evitados ou recuperados se manteve acima de 74%, um recorde já registrado em 2023 e mantido em 2024. Os dados são referentes às cargas monitoradas pelas gerenciadoras de risco do ecossistema nstech —BRK, Buonny e Opentech, que gerenciaram R$ 2,1 trilhões em cargas ao longo do ano passado.
Investimentos em tecnologia e aprimoramento de processos foram os principais responsáveis pela redução. O relatório destacou a evolução das ferramentas de gestão de risco, monitoramento e rastreamento de veículos, além de um reforço na inteligência de dados aplicada à segurança logística.
Os investimentos em tecnologia e aprimoramento de processos foram os principais responsáveis pela redução dos roubos. O relatório destacou a evolução das ferramentas de gestão de risco, monitoramento e rastreamento de veículos, além de um reforço na inteligência de dados aplicada à segurança logística.
“A queda da sinistralidade está diretamente relacionada aos nossos três pilares: pessoas, processos e tecnologia”, afirmou Mauricio Ferreira, vice-presidente de Inteligência de Mercado da nstech. Segundo ele, a adoção de soluções avançadas tem sido determinante para esse cenário.
“Tanto nas ferramentas de cadastro de motoristas e veículos quanto no monitoramento — que é feito pelo nosso software, o Rastrear — conseguimos alcançar um nível mais alto de controle e previsibilidade”, disse. “Esse sistema evoluiu com os investimentos dos últimos três anos e agora permite uma abordagem preditiva, antecipando riscos de roubo com base em Inteligência Artificial e Machine Learning.”
A expectativa do setor é que os prejuízos na carteira das transportadoras diminuam ano após ano com a evolução dessas tecnologias. “A tendência é que os clientes da nstech vejam uma redução contínua na taxa de sinistralidade. Nosso compromisso é seguir inovando e trazendo novas soluções para nossas plataformas”, reforçou Ferreira.
RIO DE JANEIRO PREOCUPA
Apesar da melhora nos indicadores gerais, o levantamento reforça que mais de 80% dos prejuízos ainda estão concentrados no Sudeste, com São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais liderando os registros. Um ponto de atenção foi a alta dos prejuízos no estado do Rio de Janeiro, que saltou de 18,9% para 25% do total nacional.
No terceiro trimestre, pela primeira vez na série histórica, o Rio assumiu a liderança em prejuízos, ultrapassando São Paulo — estado que historicamente ocupava essa posição.
“No caso do Rio de Janeiro, o problema vai além do roubo de carga. A questão principal é que o estado não está sob total controle do governo, e sim do crime organizado”, explicou Ferreira. “Além disso, há uma decisão do STF que restringe a atuação policial em comunidades, o que dificulta ainda mais o combate a esse tipo de crime.”
A situação se agrava devido à presença de facções criminosas e milícias, além da restrição da atuação policial em determinadas comunidades. “As quadrilhas costumam roubar os veículos em avenidas principais e rodovias que cortam o estado. Em muitos casos, a apenas 50 ou 100 metros dessas vias, já existem comunidades controladas por milícias e facções criminosas, como o Comando Vermelho”, declarou.
Segundo o executivo, quando a carga é levada para esses locais, a polícia não consegue agir imediatamente, pois qualquer operação exige autorização prévia — o que leva tempo. “Enquanto essa autorização não é concedida, a carga já foi descarregada e o veículo, muitas vezes, já nem está mais na comunidade. Isso torna o problema no Rio muito mais complexo e crônico do que em qualquer outra região do país”, explicou o executivo.
No caso de São Paulo, a dinâmica é diferente. “A Polícia Militar e a Polícia Civil têm acesso a todas as áreas, incluindo comunidades e regiões de maior risco, e atuam de forma ostensiva”, comentou Ferreira. “Se uma carga for roubada em uma área crítica do extremo sul de São Paulo, por exemplo, a polícia pode intervir rapidamente, recuperar a mercadoria e coibir a ação criminosa.”
Outro fator relevante foi a mudança nos padrões dos roubos. Os trechos urbanos seguem como os mais vulneráveis, mas houve crescimento de ocorrências em determinadas rodovias estratégicas, como a BR-116 e BR-101, que registraram aumento no percentual de prejuízo.
CARGAS FRACIONADAS SEGUEM COMO PRINCIPAIS ALVOS
O estudo também revelou uma mudança na dinâmica dos produtos mais visados. As cargas fracionadas lideram os prejuízos, seguidas pelos produtos alimentícios. Juntas, essas categorias representaram 72,5% dos roubos em 2024.
“Historicamente, produtos alimentícios e cargas fracionadas sempre foram os mais visados pelos criminosos”, destacou Ferreira. Segundo ele, a explicação está na facilidade de revenda. “O receptador busca produtos de alto giro, que possam ser vendidos rapidamente, evitando acúmulo de estoque ilícito. O setor alimentício se encaixa perfeitamente nesse perfil, pois há um consumo massivo e constante. Já as cargas fracionadas, conhecidas como ‘carga mix’, incluem produtos variados, desde itens de e-commerce, como uma bicicleta ou um telefone celular, até pequenos acessórios como grampos de cabelo.”
O executivo explicou que essas cargas também são mais visadas em função da fragilidade no gerenciamento de riscos. “Como não há concentração de produtos de alto valor em um único carregamento, os planos de gerenciamento de risco costumam ser menos rigorosos.”
Um exemplo: no transporte de eletroeletrônicos de alto valor, um carregamento de um milhão de reais exige medidas mais rígidas, como regras de corte de horário, escoltas e dispositivos de rastreamento avançados. Já na carga mix, em que há uma grande variedade de itens com valores individuais menores, aplicar esse nível de proteção se torna financeiramente inviável. “Como resultado, os criminosos encontram mais oportunidades para atacar.”
Por outro lado, o relatório destacou uma redução dos roubos de medicamentos e cigarros. Segundo Mauricio Ferreira, isso é resultado de um esforço das empresas do grupo. “[As empresas] implementaram tecnologias avançadas, intensificaram investigações e desenvolveram projetos especiais para conter a sinistralidade.”
FOCO EM TECNOLOGIA E INTELIGÊNCIA DE DADOS
De acordo com a nstech, os resultados do estudo mostram que a adoção de ferramentas avançadas de rastreamento, análise de dados e monitoramento preditivo é fundamental para reduzir riscos e aumentar a segurança das operações.
“Não é um único elemento que garante o sucesso, mas sim a aplicação coordenada de diferentes tecnologias e estratégias”, enfatizou Ferreira.
Entre os principais recursos estão rastreadores, sensores, bloqueadores e blindagem elétrica. “Dependendo do tipo de carga, também são utilizadas soluções mais avançadas, como blindagem elétrica, que pode emitir choques de mais de 22 mil volts caso a carga seja violada”, explicou.
Além disso, o gerenciamento de risco foi destacado por Ferreira como um elemento fundamental nesse cenário. “As ferramentas tecnológicas precisam ser geridas de forma inteligente e assertiva para garantir a máxima eficiência na recuperação. Esse trabalho é conduzido por equipes altamente capacitadas e treinadas, que fazem uso de processos bem definidos e estruturados, aliados a tecnologias avançadas para análise de dados.”
Segundo o executivo, a aposta da nstech será focada em explorar e aprimorar essas tecnologias. Um exemplo é a parceria firmada com a Microsoft para aplicar Inteligência Artificial no monitoramento de veículos. “Nosso software próprio vem incorporando algoritmos preditivos, tornando a análise cada vez mais precisa e eficiente. Esse será um dos principais focos do nosso roadmap para os próximos dois anos, com grandes inovações e lançamentos para o mercado.”
Outra novidade, prevista para abril, é relacionada à área de cadastros de motoristas e veículos. “Essas duas soluções representam os principais avanços do setor e estamos focados em continuar inovando e trazendo disrupção para o mercado”, pontuou Ferreira.
Fonte: mundologistica.com.br
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JONATHAN OLIVEIRA – Advogado (OAB/PB, nº 22.560) e Administrador (CRA/PB nº 4265). Sócio fundador do escritório JOA – Jonathan Oliveira Advocacia. Assessor Jurídico do SETCEPB – Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Estado da Paraíba, da FETRANSLOG NORDESTE – Federação das Empresas de Transportes de Cargas e Logística do Nordeste e da Procuradoria Geral do Município de João Pessoa/PB, Conciliador Trabalhista, ex-Conselheiro do CETRAN/PB – Conselho Estadual e membro da JARI – Junta Administrativa de Recursos de Infrações do DETRAN/PB.